ENTREGADOR DE PRAZERES

Luiza acordou irritada naquele dia. Havia mais de um mês que o marido não a procurava para um momento íntimo e ela não sabia mais o que fazer a fim de despertar o interesse sexual dele. Precisava ser amada, desejada, possuída outra vez.

Ela era uma mulher jovem, os hormônios saindo pelos poros e um calor inextinguível abaixo do umbigo. Caio, às vésperas de completar trinta anos, estava naquela idade em que a maioria dos homens janta esperando o sexo como sobremesa. No entanto, ele não tinha a libido que os outros homens na mesma idade tinham. E essa indiferença já estava afetando a autoestima da mulher. 

Alguns homens fariam de tudo para se deitar com ela, por que o marido a evitava? Luiza não conseguia imaginar o porquê do distanciamento de Caio.  Os dedos delgados de sua mão já não proporcionavam o prazer desejado, no entanto haviam se tornado seus únicos amantes nas últimas semanas.

Depois do café da manhã, ela foi até a varanda e procurou espairecer a cabeça ocupando-se com as plantas. O jardim do terraço era uma espécie de refúgio onde Luiza costumava ficar. Ali, suas orquídeas, cravos e a primavera rosa lhe serviam de alento. Podou a samambaia, completou o vaso de orquídea com um punhado de substrato e, então, se apoiou sobre o parapeito da varanda a fim de observar o movimento das pessoas que caminhavam pela rua. 

Uma senhorinha subiu a rua puxando pela coleira um poodle encardido, uma mulher de pernas finas e tronco largo arrastando uma criança catarrenta pelas mãos, um homem de bigode tingido com uma bolsa de couro debaixo do sovaco. Pessoas que ela já havia visto outros dias, nenhuma novidade. 

Finalmente o barulho rouco do motor de carro lhe chamou a atenção. Logo, a van amarela surgiu detrás do sobrado da esquina. O motorista diminuiu a velocidade e estacionou em frente à casa. Olhou na direção do número fixado no portão e voltou os olhos para o celular que segurava. Quando ele desceu do carro. Luiza ajeitou a mecha de cabelo atrás da orelha e desamassou uma ruga imaginária na blusinha nude de viscose que usava.

“Moça, tem uma entrega”. 

Antes de responder Luiza deu uma breve analisada no homem. A voz grave e as coxas grossas dentro da calça jeans surrada, despertaram os pensamentos mais diversos.

“Já vou, moço. Já estou descendo.”

Ela desceu rápido os degraus da escada. De perto, o sujeito pareceu mais atraente do que ela havia julgado enquanto o observava da varanda, talvez devido ao odor do perfume masculino, apropriado para a estação.

A maioria das pessoas não se atentam ao detalhe e usam qualquer perfume, independente se de dia ou noite, se verão ou inverno. Para Luiza, no entanto, a fragrância significava a personalidade da pessoa e não um mero detalhe. Antes da pandemia, ela trabalhava em uma loja de perfumes importados e ela sabia bem identificar tais nuances.

Apanhou o comprovante de entrega da mão do entregador e, enquanto fingia estar lendo, desviou o olhar na direção do corpo dele. O homem sorriu desconfiado e enxugou o suor na testa com as costas da mão. Foi a deixa que ela esperava.

“Hoje parece ter um sol pra cada cabeça! Aceita um suco gelado?”

O entregador sorriu amistoso e agradeceu e explicando que havia acabado de beber um copo de suco na entrega anterior.

A encomenda era para o marido, algo comprado pelo Mercado Livre, e ela não se interessou em ver o que era. Colocou o pacote sobre o aparador na entrada da casa e voltou para a varanda. 

Ela estava podando os galhos secos da primavera quando viu um homem de camisa amarela e bermuda cargo azul desceu a rua. Desta vez era o carteiro. Ela parou a poda e se debruçou sobre o parapeito outra vez, observando o homem das cartas. O vento soprou forte revelando o peitoral do homem sob o tecido fino da camisa e despertando em Luiza os desejos mais insanos.

“Boa tarde, moça!” Cumprimentou ele com um sorriso simpático no rosto. “Vou deixar uma carta aqui na caixinha.”

Carta? Quem envia cartas hoje em dia? Por certo seria uma carta banco oferecendo limite extra ou cobrando dívidas pendentes.

Mas Luiza parecia estar esperando uma carta importante. 

“Só um minutinho, moço. Já estou descendo.”

Ela desceu as escadas em passos rápidos. Quando se aproximou do carteiro, segurou o envelope sem puxá-lo das mãos do homem e fitou-o por uns instantes. Ele sorriu enigmático e se despediu com um aceno de cabeça, depois atravessou a rua em direção à casa do vizinho. 

Luiza permaneceu no portão observando-o por trás. A cada passo que ele dava a panturrilha se contraía e os músculo da região se tornavam evidentes em meio aos pelos dourados.

“Moço! Moço! Posso fazer uma pergunta?” Gritou ela insegura sem saber ao certo o que perguntar.

Ele arregalou os olhos verdes sob as grossas sobrancelhas de pelos claros e fez um sinal com a mão. 

“Claro!” Respondeu.

Com a voz trêmula, alternando entre tons agudos e graves, Luiza lhe ofereceu um copo de suco gelado.  Ela se sentiu como uma adolescente cheia de pudores, insegura da forma como estava agindo. O carteiro, no entanto, já estava acostumado com esse tipo de situação e soltou um sorriso safado com o canto da boca.

“Com certeza!” Assegurou ele. “Daria tudo pra beber um suco gelado e relaxar um pouco.”

Luiza sentiu suas pernas tremerem. A voz dele era pausada e máscula, e ela o imaginou sussurrando palavras safadas em ao pé do ouvido. Instintivamente ela o mirou dos pés à cabeça e analisou cada parte do corpo daquele homem. Ele também estava disposto a um momento de loucura, era evidente. Bastava apenas ela ser um pouco mais invasiva.

Ele a mirou por uns instantes nos olhos e em seguida explorou cada parte do corpo da mulher com o olhar. Os peitos dela pareciam vivos sob a blusa fina de viscose, com os bicos apontando em sua direção, como mãos de beatas apontando aos céus, rogando por um pouco de prazer. Ele soltou um suspiro e mordiscou o lábio inferior ao imaginar a aréola rosada daqueles seios jovens e safados. Baixou um pouco mais o olhar e os deteve nas panturrilhas, imaginando como seriam as coxas daquela mulher. Depois olhou para os lados e coçou a nuca exibindo a bíceps desenvolvida.

“Posso acompanhar você até lá em cima, se quiser”, ele ofereceu. “Assim, não vai precisar descer novamente apenas pra trazer o suco.”

Ela ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha e lançou o olhar ao redor a fim de ver se estava sendo observada por algum vizinho.

“Claro! Claro! Vamos entrando… e… pode subir despreocupado, porque não tenho cachorro no quintal.”

Luiza subiu as escadas segurando o corrimão. Com as pernas visivelmente trêmulas, ela ainda não havia imaginado o que fazer após servir o suco ao carteiro. Ela havia feito o convite e o homem aceitou sem cerimônia, mas o que fazer agora? Enquanto o marido trabalhava, ela estava ali com outro homem, dentro de sua casa, dando asas aos pensamentos mais perversos. Isso não parecia certo. O carteiro, por outro lado, sabia o que fazer. Luiza não era a primeira e nem a última mulher a lhe oferecer suco gelado com intenções além da mera gentileza.

Ele colocou a bolsa de cartas sobre a pia, sentou-se com as pernas abertas e cruzou as mãos atrás da nuca. Ela foi até a geladeira, inclinou-se um pouco para a frente e apanhou a jarra de suco na parte de baixo da geladeira. O carteiro aproveitou o momento para apreciar as curvas da mulher. Cintura fina e um traseiro redondo, carnudo, ansioso por um momento de luxúria eventual com um desconhecido.

Antes que ela levantasse o corpo novamente, ele se aproximou por trás e a segurou pela cintura, encostando seu membro volumoso naquele belo par de nádegas. Luiza soltou um gemido nesse instante e se desvencilhou da ousadia do carteiro.

“Você está louco?!” Gritou ela. “Quem lhe deu esta ousadia?”

Ele a agarrou pelos cotovelos, sorriu safado com o canto da boca e assentiu com a cabeça.

“Nós dois sabemos o que queremos, moça. Você não me chamou aqui apenas pra servir um copo de suco gelado.”

Luiza o fitou assustada, imaginando qual seria a próxima atitude. O carteiro a puxou pelos braços, a segurou pelos ombros com firmeza e encostou a boca no pescoço dela, roçando a barba farta em sua nuca arrepiada, desarmando-a de qualquer receio. 

Caio foi o primeiro homem na vida de Luiza e até aquele momento era o único homem a tocar seu corpo, e ela não sabia o que fazer naquele momento. De fato, não era sua intenção ter o corpo maculado por outro homem, mas a rejeição do marido a havia conduzido àquela situação. E ela não podia se culpar. Se Caio não tivesse deixado de amá-la, ela não teria a necessidade de se entregar a outro homem. O culpado da situação era Caio, não ela.

Sem saber como agir, apenas deixou os braços soltos e esperou o carteiro dar sequência ao que havia iniciado. Um misto de excitação e medo tomou conta de si naquele instante, e, à medida em que se entregava ao entregador de cartas, seus desejos mais obscuros vinham à tona.

O carteiro deslizou a língua em seu pescoço e começou a sussurrar safadezas em seus ouvidos, fazendo-a sentir-se desejada e atraída por aquele homem que a possuía.

Num movimento inusitado jamais realizado pelo marido, o carteiro se ajoelhou em sua frente e se despiu da blusa amarela, exibindo o peitoral malhado. Ele levantou a saia dela e puxou a lingerie de renda com os dentes, levando-a à loucura. Luiza apoiou as mãos sobre a mesa atrás de si e fechou os olhos enquanto o carteiro explorava sua virilha com a língua. Caio jamais a havia amado com tanta intensidade e ela queria aproveitar ao máximo aquele momento. Vagarosamente o carteiro se levantou, deslizando a barba até o pescoço dela novamente e depois colocou a mão sobre a cabeça dela, conduzindo sua boca trêmula até o peitoral másculo dele.

Luiza já não estava aguentando de tanto prazer. Caio se limitava e segurá-la por trás, deslizava as mãos pelo ventre dela e, depois de se satisfazer, se virava para o canto da cama e dormia. O carteiro, por outro lado, parecia se sentir excitado ao vê-la tendo prazer, e os gemidos que ela soltava deixava o homem ainda mais ensandecido.

Ao mesmo tempo em que Luzia explorava o peitoral do carteiro com a língua, ela desceu a mão até o botão da bermuda e o soltou. Depois abriu o zíper e deixou a bermuda cair ao chão, descendo a língua barriga abaixo até encontrar o membro rígido sob a cueca branca. Esfregou o rosto com tesão sobre o pênis enrijecido do carteiro e baixou a cueca dele.

Nesse instante, Luiza não queria mais saber do marido metódico ou do casamento imaculado. Queria apenas ser desejada, de ser amada na acepção mais ampla da palavra. E o carteiro a fez se sentir mulher novamente, deixando-a plena e com uma sensação de felicidade que há tempos ela não sentia.

De noite, ao chegar em casa, Caio encontrou a mulher preparando o jantar e cantarolando à beira do fogão. Ele se aproximou sorrateiro, segurou-a pela cintura e deslizou as mãos até as coxas dela. 

Luiza mexeu a colher de pau dentro da panela de fritura com mais intensidade, fazendo a gordura rechinar na panela e o odor defumado do bacon preencher a cozinha. 

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