Ah, a monotonia conjugal. Fazia mais de um mês, veja bem, que a patroa decretara greve nos lençóis. Não por falta de iniciativa deste que vos escreve, mas ela se fazia de difícil, sempre arrumando uma desculpa. Aquela frieza já estava me deixando louco, porque sempre fui um apreciador do Kama Sutra, amante de um bom sexo. O que me restava era o 5 contra 1, aquele ato masturbatório que todo marido rejeitado pela mulher recorre de vez em quando.
Como a Verônica (nome fictício, óbvio) não costuma fazer refeição nos fins de semana, e não tinha comida pra levar na marmita, planejei ir almoçar na padaria da esquina, onde a refeição é servida por uma atendente gostosa e peituda. Pro meu azar, pouco antes das 13h, começou a chover forte, impedindo a minha ida até a padaria. A opção era pedir comida de iFood.
O aplicativo indicava um prazo de meia hora, tempo suficiente, pensei, para uma rapidinha virtual seguida de um alívio manual no banheiro do escritório. O tesão era daqueles que fazem a gente ver miragem em parede branca. Eu já estava a um passo do nirvana ejaculatório quando uma buzina estridente, aguda, insistente como vendedor das Casas Bahia, rasgou o silêncio e a minha concentração. Piiii, piiii, piiii! Maldito!
Enfiei o pau depressa dentro da cueca, ajeitei a dignidade como pude e corri até à porta. Era o motoboy do aplicativo, que chegou com o meu almoço mais rápido do que esperado. A chuva caía forte, como se São Pedro estivesse mijando lá de cima. Gritei que o portão estava aberto, que podia chegar mais perto, caso contrário ele ia derreter ou a minha marmita viraria sopa.
Depois de me entregar a sacola plástica com a marmita, o rapaz esticou o braço e apontando com o indicador diretamente para a minha região pélvica, quase tocando o epicentro do meu recente, e interrompido, prazer solitário. Instintivamente, passei a mão na braguilha. O zíper estava aberto e parte do meu pacote vazava braguilha afora. Fiquei sem jeito e, antes que eu pudesse articular um pedido de desculpas, o entregador, perguntou se podia entrar um pouco e esperar a tempestade amainar.
Negar seria crueldade. O coitado estava mais molhado que pinto em dia de batismo. Entrou. Tirou a jaqueta encharcada, depois o capacete. Era um carinha novo, uns 25 anos, talvez menos, moreno claro e barba espessa, por fazer.
Me virei a fim de colocar a marmita em cima da mesa e, ao me virar de volta, o olhar dele estava fixo, novamente, na minha braguilha.
“Devo ter atrapalhado alguma coisa, né?” — comentou com um sorriso safado no canto da boca. E antes que eu pudesse confirmar ou negar, emendou: “Se quiser, posso compensar. De alguma forma.”
Nunca trepei com outro homem, mas o tesão acumulado e recentemente atiçado, era um péssimo conselheiro. Pensei em negar, mas, ao mesmo tempo, lembrei da cara da Verônica, arredia como um burro selvagem e expressão de asco quando peço pra ela fazer boquete. Não podia rejeitar.
Massageei o volume sem terminar de abrir o zíper, e fiz um gesto com a cabeça. O entregador entendeu a deixa e, sem cerimônia, se ajoelhou na minha frente, como uma beata se ajoelha pra rezar, esfregando a boca faminta por pica no meu pau. Soltei um gemido alto quando senti a barba roçando no meu saco, numa mistura de tesão e culpa, e não sabia se dava glória a Deus ou se perdia perdão por ter caído em tentação.
O sujeito era um mestre na arte da felação. Segurei a cabeça dele e puxei com força, fazendo ele engolir todo o meu cacete até ele engasgar. Ele engasgou, gemeu, mas não recuou. Empurrou a boca ainda mais, como se os dezoito centímetros fossem apenas um aperitivo. Segurei a cabeça dele e soquei com mais força, fazendo-o engasgar com a própria saliva, num movimento grotesco e excitante.
Finalmente gozei. E gozei muito. Uma torrente, uma quantidade que faria inveja a qualquer ator pornô. O rapaz, ofegante, sugou até a última gota, o olhar fixo no meu, uma expressão de submissão canina, de cadela no cio. Então, se levantou, limpou o canto da boca com a manga da jaqueta e sorriu.
“Hoje eu vou foder gostoso com a minha mulher.” — disse ele com um sorriso safado no canto da boca. Uma frase que pairou no ar, carregada de uma ironia que só o acaso poderia proporcionar.
Quando ele foi embora, abri a marmita de isopor e fui almoçar. O arroz, uma pedra. O bife, sola de sapato. O feijão, insosso como discurso de político. O aspecto, sem graça como a minha mulher quando faz oral.