Preto Velho
Naquele dia, tinha gira no terreiro da mãe Angelina. Dizem que não é a gente que escolhe a umbanda, mas a umbanda que escolhe a gente e lá estava eu…
Naquele dia, tinha gira no terreiro da mãe Angelina. Dizem que não é a gente que escolhe a umbanda, mas a umbanda que escolhe a gente e lá estava eu…
Ela sentou na tampa do vaso e pressionou um chumaço de papel higiênico na região da virilha. Depois ajeitou o badalo para cima, apanhou um pedaço largo de esparadrapo e cobriu o órgão com a fita.
“A puta me trocou por um carinha que trampa com ela. O pior é que, apesar de tudo, eu ainda sinto falta dela, ainda mais agora…”
Me enxuguei rápido e fui enrolado na toalha até o armário da pia. O frio me fez ficar com os pelos dos braços eriçados, a costa gelada e o pinto menor do que já é.
“Acudam! Tragam uma toalha, porque Celina se mijou toda!” Gritou uma mulher. “Valei-me, meu Padim Ciço, que a priquita de Celina está se abrindo!” Gritou outra
Carta? Ninguém envia cartas hoje em dia, exceto o banco que ainda utiliza de correspondência a fim de oferecer limite extra ao correntista ou para negociar dívidas pendentes. Mas naquele dia a carta era especial
Ele apontou na direção das garrafas sobre o armário e prosseguiu. “Um homem só pode fazer o pacto com o capeta uma única vez na vida, e você desperdiçou a sua oportunidade”
Para completar a nossa felicidade, Deus nos deu nosso primeiro filho. Mas o universo parece conspirar contra a felicidade das pessoas.
Até hoje me pergunto se é pecado ser feliz…
Quando o portão bateu atrás de suas costas, ele mirou com um olhar merencório na direção da choupana, ajeitou o chapéu na cabeça e saiu em passos resolutos, desaparecendo no meio do nevoeiro…