“Opa! Gostoso, hein!” disse a voz vinda de trás.
Era um rapaz novo, na casa dos 25 anos. Acenei com a cabeça e sorri.
“Eu prefiro chupar, dá pra sentir mais o gosto” completou ele.
Hoje em dia os jovens dão em cima da gente sem cerimônia, pensei. No meu tempo, a gente trocava olhares com expressão safada pra outra pessoa entender a nossa intenção, mas nada tão explícito.
Continuei subindo a Augusta sem olhar para trás. Era um carinha gostoso, mas eu precisava resistir. Tinha acabado de sair do médico e queria chegar em casa logo. Mas não consegui ignorar. Parei e o abordei:
“Você curte o quê?”
“Cara, eu curto tanta coisa.”
“Mas você tem uma preferência, não tem?”
“Claro! E quem não tem?”
“É que você disse que gosta de chupar…”
“Ah, sim, prefiro. E você? Prefere chupar ou mastigar?”
Não entendi a pergunta. Esse pessoal mais novo tem tanta gíria que às vezes eu fico perdido e não sei o que significa.
“Mastigar?” perguntei.
“Sim, tem gente que gosta… Acho que a maioria, sei lá.”
Ele olhou pra baixo, sorriu e prosseguiu:
“Pelo seu ritmo eu acho que você curte chupar também. Tô te observando e você tá demorando muito.”
Esbocei um sorriso nervoso.
“Depende da ocasião”, respondi.
“Então somos dois.”
Tomei coragem e perguntei:
“E hoje, você tá mais a fim de chupar ou mastigar? Ali na esquina tem um motel bacana, bem discreto.”
A expressão dele mudou de repente.
“Tá achando que eu quero chupar seu pau, coroa? Quem gosta de pau velho é orquídea.”
Caramba! Minutos atrás o cara deu em cima de mim e agora me chama de velho? Que porra é essa?
“Foi mal, cara” me desculpei gaguejando. “Mas não foi você quem deu em cima de mim e disse que gostava de chupar?”
Ele apontou o indicador na direção da barra de Diamante Negro que eu segurava e balançou a cabeça com ar de reprovação.
“Caralho! Todo velho é veadão assim? Eu me referia ao chocolate. Eu gosto de colocar um pedaço na boca e chupar até derreter. Chocolate, doce, entendeu? Não rola.”