BUDISMO EM 9 PERGUNTAS

Com mais de 520 milhões de seguidores em todo o mundo, o Budismo ocupa o quarto lugar entre as maiores religiões do planeta, abrangendo mais de 7% da população global. Essa antiga tradição espiritual engloba uma rica diversidade de crenças, práticas e ensinamentos inspirados em Siddhartha Gautama.

Fundamentado nas Quatro Nobres Verdades do Buda, o Budismo tem como objetivo transcender o sofrimento causado pelo desejo e pela ignorância em relação à verdadeira natureza da realidade. Esses ensinamentos fornecem um guia para alcançar a paz interior e a compreensão profunda da existência humana.

Uma característica distintiva do Budismo é sua natureza não teísta, ou seja, a ausência de crença em um deus criador. Além de ser uma religião, o Budismo é amplamente considerado uma filosofia e uma disciplina moral, oferecendo um caminho para o autodesenvolvimento e a iluminação pessoal.

No Brasil, não é incomum encontrar representações do Buda em residências, seja no interior das casas ou em espaços externos como jardins, onde as estátuas do Buda são colocadas em lugares de destaque. Essa presença simbólica não apenas reflete a crescente popularidade do Budismo, mas também demonstra o interesse dos brasileiros por práticas espirituais que promovam a serenidade e a introspecção.

Conforme expresso nas Quatro Nobres Verdades do Buda, o objetivo do budismo é superar o sofrimento causado pelo desejo e pela ignorância da verdadeira natureza da realidade.

Diferentemente das principais religiões ocidentais, o budismo é uma religião não teísta, o que significa que não acredita em um deus criador. Além disso, o budismo é frequentemente considerado tanto uma filosofia quanto uma disciplina moral. No Brasil, é comum encontrar residências com peças e estátuas do Buda, seja em seu interior ou em locais proeminentes nos jardins e áreas externas.

1. Quem foi o fundador do budismo?

O fundador do budismo foi Siddhartha Gautama, mais conhecido como Buda. Siddharta nasceu no norte da Índia, em meados do século VI a.C. Reza a lenda que a futura mãe do príncipe sonhou que um elefante branco entrou em seu corpo, e isso foi interpretado como o prenúncio de um grande homem, o futuro governante do universo, que viria ao mundo.

Siddhartha cresceu em meio a riquezas e bens materiais e desconhecia qualquer tipo de infelicidade, porque seus pais o mantinham dentro dos muros do palácio a fim de poupá-lo de qualquer espécie de sofrimento. Mas um dia, depois de crescido e assim como todo jovem com momentos de rebeldia, Sidarta saiu do palácio e encontrou um homem doente, um velho e um cortejo fúnebre. Sidarta ficou tão chocado com aquela realidade que decidiu deixar o conforto do palácio e passou a ocupar seu tempo refletindo em como encontrar a libertação do sofrimento.

Aos 35 anos, durante uma longa meditação, Siddhartha atingiu a iluminação e se tornou um Buda. Foi aí que ele começou a pregar sua doutrina, doutrina essa conhecida como o dharma.

2 – Em que consiste a doutrina budista?

A doutrina do Buda era baseada nos princípios de que:
1 – o mundo é imperfeito e cheio de sofrimento.
2 – a fonte do sofrimento são os desejos e a sede de vida, que fazem a roda do samsara girar – o ciclo da vida, morte, novos nascimentos.

3 – é possível romper o ciclo do samsara, atingindo a iluminação e, finalmente, o nirvana, ou seja, um estado de nada bem-aventurado.

Na verdade, há um caminho de oito etapas para a liberação, que inclui prática ética, meditação e a sabedoria. Esse caminho é denominado caminho óctuplo e caminho do meio.

Muitas pessoas confundem O budismo com o hinduísmo, mas tem uma diferença grande entre as 2 religiões. O budismo é uma religião mundial, o que significa que pessoas de qualquer nacionalidade podem se tornar budistas. Esta é uma das diferenças radicais entre o budismo e o hinduísmo, pois, na época do Buda, o hinduísmo era uma religião nacional e totalmente fechada para as pessoas de fora.

A estrutura social da sociedade indiana era formada por quatro classes ou castas e era impossível para alguém da classe inferior fazer parte das outras classes superiores.

O budismo nasceu como uma doutrina reformista radical, tanto intelectual, quanto espiritual e confrontava o exclusivismo das classes hinduístas. Os budistas colocaram o mérito ético do homem acima da origem, rejeitando o sistema varna e a autoridade dos brâmanes.

Com o tempo, o pequeno movimento iniciado por Siddharta, desenvolveu sua própria estrutura social, uma coletânea de textos sagrados e práticas de culto. Se tornou uma religião mundial e se espalhou muito além do subcontinente indiano.

Na Índia, berço de Siddharta Gautama, o budismo declinou gradualmente. Atualmente, menos de 1% dos indianos se consideram budistas. Em termos de número, o budismo ocupa apenas o quinto lugar entre as religiões difundidas na Índia, muito atrás do hinduísmo, islamismo, cristianismo e sikismo.

Ok. Agora eu já sei a origem do budismo, mas o que significa ser budista?

Por vários séculos, os ensinamentos do Buda foram transmitidos oralmente, e só foram registrados de forma escrita no século I a.C. No budismo, existem várias tradições e muitas escolas, mas todos os budistas estão unidos pela crença básica, ou seja, crença em Buda, nos ensinamentos do Buda e na comunidade monástica.

O rito de entrada na comunidade budista envolve a recitação de uma curta fórmula ritual com a menção dos três princípios citados, algo como: “Estou sob a proteção de Buda, estou sob a proteção do dharma, estou sob a proteção da sangha.”

Além disso, todos os budistas procuram seguir as cinco regras estabelecidas pelo Buda: não prejudique os seres sencientes, não roube, não cometa adultério, não minta, não use álcool e drogas.

Apenas abrindo um parêntese, caso você não saiba, por seres sencientes podemos entender o boi, a vaca, a galinha, o cachorro, o polvo e por aí vai.

4 – Assim como acontece com as grandes religiões, o budismo não ficou de fora e surgiram algumas divisões, ou se você preferir, algumas escolas diferentes?

Na verdade, no budismo, existem três escolas: Teravada, Mahayana – “a grande carruagem” e Vairaiana. O Theravada, difundido principalmente no Sri Lanka e sudeste da Ásia, é considerado a escola mais antiga, remontando diretamente ao Buda e aos seus discípulos.

Do ponto de vista dos seguidores do movimento Mahayana, o Theravada é um ensinamento excessivamente elitista, porque pressupõe que se pode alcançar o nirvana apenas seguindo o caminho do monaquismo.

Os seguidores do movimento mahayana, por outro lado, afirmam que os leigos também podem alcançar a iluminação. Assim, na tradição tibetana, o líder espiritual dos tibetanos, o Dalai Lama, é considerado a personificação do bôdi sátiva da misericórdia. O movimento Mahayana é comum na China, Tibete, Nepal, Japão, Coréia, Mongólia e Sibéria.

Por fim, surgiu o movimento Vairaiana, no final do primeiro milênio d.C., alcançando a maior floração no Tibete. Os seguidores desse movimento argumentaram que a iluminação pode ser alcançada em uma vida, se você aderir às virtudes budistas e recorrer a práticas especiais de meditação. Atualmente, é praticado principalmente na Mongólia, Tibete, nas regiões da Buriácia, da Tuva e da Calmúquia, que ficam no território russo.

5 – E quanto aos budas, existe apenas um ou vários budas?

O budismo acredita na existência de vários Budas. Sidarta Gautama é o mais conhecido de todos, mas muitos outros existiram e ainda existirão.

6 – O buda é um deus?

Como já disse no início, o budismo é uma religião não teísta, sem a crença em um deus pessoal. Mas, na mitologia budista, o Buda é reverenciado não apenas como um grande homem, mas também como uma divindade, especialmente no Mahayana e no Vajrayana.
Além disso, as divindades hindus não foram expulsas do panteão budista de forma alguma, a figura de Buda apenas as colocou em segundo plano. Segundo os ensinamentos budistas, os deuses, como todos os outros seres vivos, estão sujeitos ao ciclo da reencarnação e, para escapar desse ciclo, precisam renascer no mundo humano, afinal, só nele nascem os budas.
A propósito, conforme as lendas budistas, antes de nascer pela última vez, Sidarta Gautama renasceu mais de quinhentas vezes e foi um rei, e um sapo, e um santo, e um macaco.

7. Os budistas comemoram o ano novo?

No budismo popular, há muitos feriados, muito populares, embora tenham uma relação muito distante com a religião. Um deles é o Ano Novo, celebrado de diferentes maneiras nas diferentes regiões. Em geral, o ciclo de feriados budista é baseado no calendário lunar (em todos os lugares, exceto no Japão). Um dos principais feriados budistas propriamente ditos pode ser chamado de Vesak, ao qual, em diferentes países, de um a três eventos-chave na vida de Buda Shakyamuni estão associados (nascimento, iluminação, nirvana). Outros feriados são o Dia da Sangha, ou seja, a memória do encontro do Buda com seus discípulos, e o Dia do Dharma, ou seja, a memória do primeiro sermão do Buda. Além disso, o Dia de Todos os Mortos é celebrado nos países budistas: o culto pré-budista dos ancestrais é muito estável e desempenha um papel importante.

8. Os budistas têm templos?

O edifício religioso budista mais famoso é o pagode. Inicialmente, os pagodes foram construídos como relicários, nos quais os restos mortais do Buda Shakyamuni foram guardados e reverenciados. Existem vários tipos de pagodes, e sua aparência arquitetônica depende muito das tradições regionais: podem ser hemisféricos, quadrados ou ter a forma de pagodes. Para ganhar um bom carma, os budistas praticam o ritual contornando o pagode.

Existem também templos que são arquitetonicamente ainda mais diversos. Acredita-se que os três tesouros do budismo estão concentrados neles: o Buda (suas estátuas e outras imagens), o dharma corporificado nos textos do cânone budista e a sangha, representada pelos monges que vivem no templo ou mosteiro.

9. Os budistas são vegetarianos?

Parece que um dos princípios budistas mais importantes – ahimsa – envolve a recusa de comer carne. No entanto, na realidade, em diferentes regiões, as restrições alimentares devem-se principalmente aos costumes locais. Entre os budistas, há defensores e oponentes do vegetarianismo, e ambos citam os ditos lendários de Buda em apoio à sua posição. Assim, há uma parábola budista sobre um cervo e um tigre, na qual um cervo vai para o inferno porque, gabando-se de seu vegetarianismo, ele, ao comer grama, destruiu inconscientemente pequenos insetos, e o tigre predador, ao contrário, limpou seu carma, porque ele sofreu toda a sua vida e se arrependeu.

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