Tempos atrás, os jornais e revistas noticiaram que determinado artista ficou “noiva”. Sinceramente, pouco me importo com qual gênero a pessoa se identifica ou se quer ser chamado pelo artigo definido masculino, feminino ou pelo inexistente pronome neutro. A vida do artista realmente não me diz respeito e em nada me afeta.

Também li comentários de pessoas religiosas afirmando que a atitude do referido artista é uma “safadeza que Deus abomina”, pois, segundo alegam, há diversas passagens bíblicas condenando o comportamento homossexual. 

Desmond Tutu, arcebispo anglicano na África do Sul, ativista pelos direitos civis e consagrado com o Prêmio Nobel em 1984, certa vez afirmou que “Deus não é cristão”. No início, sua afirmação gerou polêmica, mas a mensagem clara permaneceu. De fato, Deus não é patrimônio de uma única religião e não há porque um crente de determinada fé condenar o modo de agir de pessoas de outras crenças e pautado apenas em seu vademecum religioso. 

Fico imaginando se o Deus judaico-cristão não teria outros afazeres além de observar o comportamento sexual das pessoas. Com tanta fome assolando pessoas mundo afora, mulheres sofrendo agressões das mais diversas formas, uma quantidade incontável de pessoas enfermas em estado terminal implorando pela misericórdia divina, você realmente acredita em uma divindade que passa o tempo vigiando quem está transando com quem? Um deus voyeur e sádico, que fica observando a vida sexual das pessoas para puni-las a seu bel-prazer, não seria tão medíocre quanto qualquer humano sem caráter?

Quanto à safadeza citada, ah! O que é safadeza? Safadeza é tapar os ouvidos ao clamor do necessitado. Safadeza é pagar o bem com ingratidão. Safadeza é sorrir com falsidade. Mas o amor entre duas pessoas seria safadeza? Se há amor entre elas, o que importa se é entre dois homens ou duas mulheres? Ah! Safadeza! Há tantas safadezas ignoradas!

Ou você realmente acredita em um deus voyeur que fica observando as pessoas treparem?